sexta-feira, 8 de abril de 2016

Na luz do Alentejo


No nosso Alentejo encontrámos a Paz esperada. 
O aroma a flor de laranjeira e a lavanda perfumam os nossos dias! 
As cores dos campos limpam a minha alma e fazem-me ter vontade de correr e brincar sobre os malmequeres,  a lavanda e os salpicos de papoilas. É como se se tratasse de uma pintura, um lençol ora branco e lilás,  ora amarelo e lilás... O crescimento selvagem,  sem planeamento do homem,  a verdadeira natureza. 
O silêncio de Pedrogão acompanha as nossas noites. Uns procuram calma e silêncio,  outros,  como aqui ouvimos estão fartos dela. Procuram a vida,  o reboliço,  a correria... vamos lá entender os humanos.  O contentamento descontente. 
O Rio Guadiana corre ao nosso lado e vamos tentando tocar as suas margens. 
A luz do sol tem brindado os nossos dias,  e a sua força tem deixado a nossa face rosada. A luz diferente do Alentejo... 
A luz que vimos no jardim de Moura,  em que a água é símbolo de frescura e o colorido das flores dá vida aos dias da terra. 
A luz que vimos nas paredes brancas de Monsaraz,  e que se espelha nas pedras de xisto que formam a cidade. 
A luz que vimos nos olhos do oleiro em S. Pedro do Corval,  feliz por manter a tradição do avô e do Pai. 
A Luz do Alentejo...
... a aldeia submersa há 14 anos pelas águas da Barragem do Alqueva. A barragem que roubou aquelas famílias,  como "fruto da evolução" como lhes disseram. Recordei a história, não a tinha na memória.  Recordei as pessoas,  os idosos, as crianças,  o abandonar das suas casas como se apenas as fossem alugar e tivessem de as deixar no melhor estado. Um filme reportagem com alguns anos...
Na nova aldeia da Luz, uma réplica quase perfeita da aldeia submersa. Mas sem as marcas de cada família,  sem as hortas que davam para a vizinhança inteira. Uma nova aldeia em que até o vizinho do lado era o mesmo,  mas a história tinha inevitavelmente de começar do zero.  Como se a vida de centenas de pessoas podesse ser literalmente depositada num outro local, de um dia para o outro,  e seguir o seu rumo normal.
Hoje não vimos ninguém... As casas fechadas, um ou outro cortinado denunciavam vida.  Um Museu com esta história toldou-me a cabeça e o coração.
Vou levar comigo a Luz do Alentejo.

Sem comentários:

Enviar um comentário