sábado, 22 de agosto de 2015

Nós somos da Colónia - S. Martinho cheira a saudade

Fomos a S. Martinho do Porto.  A praia que não conheces bem, mas eu conheço como a palma da minha mão.  Foi a praia que me acolheu durante toda a minha infância,  a mim,  às minhas irmãs e a centenas de crianças e jovens que davam vida aquela praia e aquela casa.  Uma casa cheia de quartos,  de beliches com edredons azuis e cor de rosa,  a piscina que fazia as nossas delícias ...  as aventuras que nos esperavam ano após ano...  Se assim não fosse,  as minhas férias talvez fossem em casa. 
Eram 15 dias de regras,  tudo feito à hora certa,  mas também de tudo aquilo que não fariamos se ali não estivessemos: praia, jogos,  canoagem,  rappel,  escalada.  Ali aprendemos a trabalhar em equipa,  a puxar uns pelos outros...  e por nós mesmos... pois se eu falhasse a minha equipa ficaria para trás. 
Eram 15 dias fora da família ... com um toque de telefone constante à hora de jantar. Eram os nossos pais a querer saber notícias nossas.  E quando o nosso nome suava depois do "trimmm"  ficávamos tão contentes. 
Todos os dias dávamos vida aquelas ruas,  cantando a caminho da praia... todos tinham de nos conhecer.  E conheciam.
Nas nossas barraquinhas fazíamos amizades,  que levavamos para dentro da camarata.  E no dia de vir para casa,  um caderno era cheio de moradas e o chamado livro de autografos cheio de mensagens.  Mal chegávamos a casa escreviamos a primeira remessa de cartas.  E assim se passava o ano,  cartas e mais cartas e alguns encontros com quem estava mais perto. 
No ano seguinte,  ja traziamos algumas moradas novas.  Era um "namoro"  anual à espera do próximo Verão. 
O meu último dia naquela colonia foi ha uns 13 anos e ainda hoje mantenho amizades. 
Já crescida,  amava voltar aquela praia e ver os meninos a passar,  com o saco grande do lanche e as músicas a soar alto. Eram as minhas pessoas,  mesmo sem as conhecer. 
Hoje,  vi S. Martinho igual,  as mesmas barracas às riscas,  os mesmos desportos da escola náutica,  as mesmas esplanadas,  as mesmas famílias completas na praia.  Mas o mar está mais limpo,  falta aquele cheiro das toneladas de algas a sair do mar, que antes incomodava e agora cheira a saudade.  O silêncio é maior.  Falta a alegria daquelas crianças, desde a praia ao miradouro. Quem passava tentava sempre espreitar e perceber o que se fazia naquela casa especial... 
Hoje,  a nossa piscina ja não estava lá....  só as paredes que tantas histórias guardam. As obras estão a andar. Dizem que vai ser um hotel! Tenho a certeza que vamos ser os primeiros a querer conhecê-lo,  porque aquele lugar será sempre nosso!






A nossa Colónia



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